A curiosidade e a criatividade do artista plástico brasileiro Wagner Kuroiwa fizeram despertar cedo seu interesse pela pintura. Desde a infância, nas bordas dos cadernos escolares, embalagens de produtos ou até mesmo no livro de receitas de sua mãe, os espaços vazios eram preenchidos com inúmeros desenhos ao acaso. Com o tempo, este hábito se tornou uma obsessão que o acompanharia durante toda a vida. Assim, como movimentos involuntários da perna, ou até o piscar de olhos, desenhos espontaneamente surgiam por onde quer que o artista passasse, até que foram finalmente incorporados aos trabalhos artísticos. Hoje, são marca registrada nas obras de Kuroiwa. A grande quantidade de detalhes, na forma de milhares de pequenos desenhos, convida a duas contemplações. À distância, o observador vislumbra o tema central de uma narrativa múltipla, como uma paisagem, uma figura humana e até outras composições criadas a partir da imaginação do autor. Ao se aproximar, contudo, há uma multiplicidade de narrativas distintas, na forma das centenas de pequenos desenhos interligados, que convidam o observador a interpretar a criação a partir de suas próprias vivências e emoções.
Nas palavras do próprio artista, “Em um quadro, muitos quadros. Muitas histórias, narrativas distintas que se entrelaçam. Cada qual com sua simbologia, mensagens cifradas, que são símbolos do inconsciente”, referindo-se à técnica. A escolha de cores também é um destaque de suas composições. A preferência por tons vibrantes reforça o contraste dos desenhos, dando emoção e movimento às obras. Por muitas vezes, o artista se utiliza do choque entre cores e sombras para adicionar profundidade, tornando a obra tridimensional.