Instrutor Souza Junior revela como o tiro esportivo foi afetado com as novas regras de acesso às armas

Com demissões de profissionais e fechamento de clubes, tiro esportivo é fortemente impactado por novo decreto

Os praticantes de tiro esportivo vêm se acostumando com uma nova realidade desde o mês de janeiro. Após a posse do novo governo, foram colocadas em prática algumas medidas mais rígidas, suspendendo os registros para a aquisição e transferência de armas de fogo e munições de uso restrito por CACs (Caçadores, Atiradores, Colecionadores).

Desde o primeiro dia de mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revogou os decretos em relação ao acesso às armas e munições que foram feitos no governo de Jair Messias Bolsonaro. Com as novas regras, além da criação de um grupo de trabalho para propor uma atualização no Estatuto do Desarmamento, os atiradores esportivos acabaram sendo impactados fortemente por essas transformações.

O instrutor de tiro Souza Sebastião Junior, que é especialista nesse tema, revelou que a procura pelo esporte diminuiu bastante desde o início do ano. Influenciados por esse baixo interesse, ele explica que diversos profissionais perderam o emprego.

Muitos dependiam financeiramente disso para sustentar a sua família e estão tendo que buscar outro meio de fonte de renda. Essa série de medidas diminuiu drasticamente a frequência nos clubes de todo o país, as lojas de armas também não estão vendendo, o que acarreta uma crise financeira no setor, desemprego e demissão em massa”, conta.

Entre as diversas questões, o novo decreto restringiu a quantidade de munições que o atirador esportivo pode comprar, além de ter suspendido o registro de novos clubes e escolas de tiro. Esse último, por exemplo, fez com que muitos espaços fossem fechados.

O ponto positivo é que agora estão tendo mais rigor no cadastro de armas, o que ajuda em relação à suspeita de armas de origem legal sendo compradas por CACs e repassadas para a ilegalidade. Com isso, vamos ter um controle maior e saber realmente de onde é origem essas armas ilegais no país”, detalha Souza Junior.

Outra coisa importante que vale ressaltar é a retirada do porte de trânsito, que é um direito criado em 2016 que permite o atirador portar uma arma municiada na cintura para a própria proteção e de seus equipamentos enquanto estiver se deslocando para o clube de tiro. “O governo alegou que muitas pessoas se valiam dessa liberação para poder andar armado o dia todo e, por isso, o direito foi retirado”, reforça Souza.

Até o último dia 06 de março, o recadastramento exigido pelo decreto do presidente Lula recebeu os dados de apenas 286 mil unidades, número que é considerado baixo. Com uma nova reestruturação de leis e normas, Souza Junior revela que é esperada a elaboração de uma nova regulamentação, com previsão de lançamento entre abril e maio deste ano.