Estudo aponta que mais de 35 milhões de brasileiros vivem sem água tratada

O acesso à água potável depende diretamente de ações realizadas pelo Estado, que deve regular o exercício, assim como de ações individuais ligadas ao uso da água, diz especialista

Mais de 70% do corpo humano é composto por água. É ela que ajuda a hidratar, transportar nutrientes e a eliminar toxinas por meio da urina. Para o funcionamento de todas as funções do organismo, é recomendado o consumo de 2 litros de água por dia, por isso, hidrate-se bem. Dentre os principais benefícios do consumo diário de água, estão: a diminuição das dores de cabeça, o alívio da prisão de ventre, a diminuição do risco de pedras nos rins e a proteção do coração.

Caso a quantidade de líquidos do organismo se encontre abaixo do necessário, a sede surge como um sinal de alerta biológico. De acordo com o Guia de Alimentação para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, o balanço diário de água é controlado por sofisticados sensores presentes no cérebro e em diferentes partes do corpo. Apesar dos seres humanos conseguirem sobreviver algumas semanas sem alimentos, é impossível viver sem água. A falta do insumo básico pode causar fraqueza, tontura, dor de cabeça, fadiga, e, em casos graves, levar à morte por infecção.

Agora, como prevenir sintomas e doenças ligadas à água, quando grande parte da população vive sem o acesso ao recurso básico? Segundo dados do Instituto Trata Brasil, 35 milhões de brasileiros vivem sem água tratada e 100 milhões não têm acesso a sistemas de tratamento de esgoto. Em 2019, a OMS divulgou que uma em cada dez pessoas adoecem todos os anos por ingerir alimentos contaminados. Como resultado, em torno de 420 mil pessoas perdem a vida, anualmente.

Para Fernando Silva, CEO da PWTech, startup de purificação de água contaminada, a restrição quanto ao acesso do recurso hídrico expõe a desigualdade social existente no país e aumenta a preocupação de entidades ligadas à saúde. “Em muitos casos, por não viverem em ambientes com água potável e saneamento básico, famílias encontram outras formas para o acesso”, explica.

A utilização de poços semi-artesianos e o bombeamento da água de rios e represas são alternativas acatadas pela população localizada em comunidades isoladas. O especialista aponta que a água vinda desses instrumentos não é recomendada, por apresentarem classificação 2 – quando são destinados ao abastecimento, após o tratamento simplificado. Esses poços, também chamados de caipira, apresentam um grande risco de poluição por pesticidas, nitratos, coliformes, etc. Toda e qualquer atividade no entorno, como esgotos e depósitos de resíduos sólidos podem afetar a qualidade da água, propagando inúmeras infecções nos moradores.

Silva reforça que é dever do Estado disponibilizar meios para o acesso à água potável. “Esse direito depende diretamente de ações realizadas pela instituição pública, que deve regular o exercício desse direito, assim como de ações individuais ligadas ao uso da água de forma racional e sustentável”, explica.