Pesquisa mostra que 4 em cada 10 brasileiros estão negativados, mas 85% dos consumidores pretendem comprar e 68% usará o cartão de crédito para parcelar
Com a aproximação das duas datas comerciais mais importantes para o calendário comercial brasileiro – Black Friday e Natal – o perfil do brasileiro para este ano não é dos melhores. Isso porque dados da CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas) mostram que 4 em cada 10 brasileiros adultos (39,71%) estavam negativados em setembro, o que corresponde a aproximadamente 64,25 milhões de brasileiros, recorde histórico desde 2014.
O volume de endividamento destes brasileiros aumentou em média 11,17% comparado ao mesmo período de 2021. O valor médio da dívida deste consumidor negativado, por sua vez, chegou a R$ 3.668,96 em setembro. Já 61,18% do total, encontram-se com dívidas em instituições bancárias e estas cresceram 37,94% comparado a 2021, seguidos por dívidas no comércio (12,86%), setor de água e luz (10,51%) e comunicação (8,24%).
Em um recorte mais específico, as mulheres estão com mais dívidas que os homens. 80,9% possuem débitos pendentes, o que significa que 4 em cada 5 mulheres no país tem uma conta vencida a quitar. Já os homens são 78,2%, conforme pesquisa realizada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A maior parte das dívidas, independentemente do gênero, é por conta do cartão de crédito.
Mas a Black Friday deve movimentar bilhões de reais neste ano. Só no e-commerce, a previsão é de R$ 6,05 bilhões nas vendas on-line. O movimento de integração deve se repetir, os clientes compram no e-commerce e retiram na loja física. Consoles de videogame e jogos, celulares e televisores estão no topo das listas de compras dos brasileiros, com 86%, 85% e 83% de participação, respectivamente. Na sequência estão as categorias de computadores, tablets e periféricos (80%) e de eletroportáteis (79%).
Quanto à forma de pagamento, 68% dos consumidores pretendem continuar utilizando o cartão de crédito para realizar operações, o meio de pagamento continua sendo o mais forte e escolhido pelos consumidores e que pretendem parcelar suas compras em até seis prestações. Enquanto 19% dos entrevistados devem usar o PIX como forma de pagamento, 7% a mais que no mesmo período de 2021, segundo dados do Mercado Livre.
“Hoje é essencial que os serviços disponibilizem inúmeras soluções de pagamentos para oferecer uma experiência ao cliente que melhor se adapte às suas necessidades. É necessário procurar opções que tenham estabilidade durante grandes movimentações de acesso. Muitas pessoas costumam abandonar a compra quando o site demora mais de três segundos para carregar”, explica Samuel Ferreira, CEO da Meep, empresa de soluções de meios de pagamento.
Traçado o perfil do brasileiro para esta black friday, “endividado com intenção de compra”, para Bruna Allemann, educadora financeira da Acordo Certo, fintech de renegociação de dívidas, o parcelamento das compras parece uma boa saída, todavia, pode levar à inadimplência.
“A Black Friday pode ser um bom momento para aquisição de produtos com preços menores, mas é preciso atenção em dois pontos: não sair comprando desnecessariamente e com o uso do cartão de crédito. Parcelar, a princípio, pode parecer uma saída para que as compras caibam no bolso, mas, as taxas de juros são muito elevadas, caso você não consiga arcar com a sua fatura, e podem gerar uma dívida inestimável”, alerta a especialista.
Há uma semana do mês das “grandes remarcações”, 74% dos brasileiros estão aguardando o anúncio das ofertas e 71% acreditam que os descontos serão maiores que em 2021. 6 em cada 10 brasileiros ainda sentem resistência quanto aos anúncios e acham que o movimento não passa de uma “black fraude”. 48,8% dos entrevistados definem o evento como uma fraude, e 27,1% sequer consideram que o período de promoções de fato existe no país, os dados são da pesquisa do Instituto Reclame Aqui.
Para finalizar, Bruna Allemann reforça ainda que, apesar de ser uma época bastante conhecida pelos descontos, a Black Friday nem sempre tem as melhores oportunidades de compra e muitas vezes o melhor é esperar.
“É fundamental que a gente faça algumas perguntas como, ‘eu preciso? tenho dinheiro? está barato?’ para identificar uma real necessidade de compra. Lembre-se de que há outras datas, como Dia das Mães, Dia dos Pais e as promoções de janeiro e julho, que são boas oportunidades para conseguir desconto. Fique atento”.